História do Carro de Boi
O Carro de boi é uma das formas de transportes mais simples
e primitivas, que ainda é encontrado em uso nos meios rurais, sendo utilizado para o transporte de cargas
(produtos agrícolas) e pessoas.
No Brasil, foi
Introduzido pelos colonizadores portugueses. Difundiu-se por todo o país, existindo ainda no meio rural, podendo ser encontrado em diversas
localidades. Ele foi um dos principais meios de transporte usados para o carregamento de diversos produtos como milho, arroz, feijão, cana de açúcar, legumes, hortaliças etc, das fazendas para as cidades.
Em alguns municípios, como em algumas regiões do
interior brasileiro, ainda há fazendeiros que realizam mutirões de carros de
bois para transportar suas produções agrícolas e também outros produtos. O som
estridente característico do carro de bois, chamado de canto, lamenta ou
gemido, também faz parte da nossa cultura.
Dotado de uma estrutura que não possui o diferencial, suas rodas travam durante
as curvas. Quando em movimento, o autêntico carro
de bois emite um som estridente
característico - o cantador - que anuncia a sua passagem.
Partes do carro de boi
·
Canga: peça em que se prende o cabeçalho ou o cambão, e
que é colocada sobre o pescoço de dois
bois, responsável pela transferência de energia mecânica ao cabeçalho.
·
Canzil: Peças em forma de estacas trabalhadas que
atravessam a canga de cima para baixo em quatro pontos, de modo que o pescoço
de cada boi fique entre duas dessas estacas;
· Arreia: suportes que atravessam transversalmente o
cabeçalho, sobre os quais se apóiam as tábuas da mesa;
· Cabeçalho: a longa trave que liga o corpo do carro à canga,
que se atrela aos bois;
· Cantadeira: parte do eixo que fica em contato com a parte
inferior do chumaço. O contato entre eles produz o som característico do carro;
· Cheda: Prancha lateral do leito do carro de bois, na qual
se metem os fueiros;
·
Cocão: Cada uma das partes fixadas por baixo das chedas,
que servem para fixar, duas de cada lado do carro, cada um dos chumaços;
·
Fueiro: cada uma das estacas de madeira que servem para prender
a carga ao carro;
·
Mesa: a superfície onde se coloca a carga;
·
Recavém, ou requevém, é a parte traseira da mesa.
· Tambueiro: Tira de couro cru, curtido e torcido, que serve
para prender o cabeçalho ou o cambão à canga;
· Brocha: Tira de couro cru, curtido e torcido, que serve
para prender um canzil ao outro passando por baixo do pescoço do boi.
· Roda: feita de madeira nobre (Jacarandá), constituí de
três pranchas unidas por travas de madeira (cambota) colocadas internamente nas
pranchas por furos retangulares, estas fixadas por grampos e chapas de ferro. A
circunferência é coberta com chapa de aço fixada à madeira com grampos de aço
cuja forma arredondada deixa um rastro característico.
· Palmatora:
partes laterais do cabeçalho na parte anterior da mesa do carro de boi.
Festivais do carro de bois
Por seu valor cultural, o carro de bois é homenageado
em diversos festivais e encontros, onde se reúnem os últimos usuários e
colecionadores desse meio de transporte rústico e simbólico do meio rural
brasileiro.
Em Minas
Gerais, são conhecidos os festivais de carro de boi nas cidade de Formiga, Bambuí, Ibertioga, Desterro de Entre Rios, Vazante, Macuco de Minas , São
Pedro Da União, Matutina e Pará
de Minas.
Na arte
O carro de bois é um elemento referencial, na intervenção
feita no Solar do Unhão, atual
sede do Museu de Arte Moderna da
Bahia, pela arquiteta Lina Bo
Bardi: uma escada de madeira, interna, foi toda feita sem o uso de parafusos ou
pregos - tal como nos antigos carros.
A música sertaneja, com sua dupla pioneira, Tonico e Tinoco, junto a Anacleto
Rosas Jr., compôs a canção "Boi de Carro", onde traçam um paralelo ao
boi já velho com o trabalhador que avança na idade.
Festa do Mutirão dos Carros de Boi
Ano após ano, o
empresário Sr. Américo de Paula Faria Sobrinho, promove com muita barra e
brilhantismo o tradicional Mutirão dos Carros de Boi, resgatando a tradição de
carregar milho de uma fazenda a outra, distantes aproximadamente 10 quilômetros ,
utilizando os carros de bois.
Tudo começou a 25 anos atrás quando o
empresário, Sr. Américo de Paula Faria Sobrinho realizava o transporte do milho
de uma fazenda para a outra solitariamente,
com apenas 2 carros de bois. Os vizinhos vendo a dificuldade e demora que
o do Sr. Américo estava encontrando, resolveram fazer um mutirão para ajudá-lo.
No primeiro ano do mutirão, reuniu-se os 2 carros de bois do Sr. Américo com mais 5 carros de bois dos vizinhos. A partir deste ano (1988) os participantes do
mutirão de carros de bois aumentavam cada vez mais. No ano de 2000, com a cobertura e
divulgação da festa do mutirão dos
carros de boi feita pelo Programa “Globo Rural” da Rede Globo de Televisão , o evento cresceu gigantescamente, atraindo participantes de diversas
localidades tanto de Minas Gerais como
de outros estados, tornando a festa nacionalmente conhecida.
. Em 2013 o Mutirão
reuniu mais de 6 mil pessoas nas fazendas Maroca e Ameliza. Para este ano
o empresário espera superar esta marca, podendo chegar a um público de 8 mil
pessoas e aproximadamente 100 carreiros vindos de diversas localidades de
estado como Ilicínea, São Roque de Minas, Pains, Córrego Fundo, Pedra do
Indaiá, Bambuí, Luz, Piumhi, Campo Belo, São Sebastião do Paraíso, Nova
Serrana, Pará de Minas e até mesmo de
Inhumas, no estado de Goiás. Este
ano, a festa deverá acontecer no dia 17 de maio.
Quando os carros chegam
na Fazenda Ameliza, eles são recepcionados por uma grande festa com boa comida
e música ao vivo. Assim com acontece todos os anos, Voluntários da APAE
preparam um delicioso almoço para os carreiros, turistas e todos que vêm
prestigiar a festa. Todo o lucro com a venda do almoço e das bebidas, além de
uma contribuição simbólica cobrada no estacionamento são revertidos para a
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, a APAE.
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